Estudos da narrativa: O foco narrativo

terça-feira, 28 de abril de 2015

Com o intuito de nos aprofundarmos cada vez mais no universo literário, decidimos começar as oficinas das turmas mais avançadas (participantes com experiência de 1 a 5 anos no programa) analisando cada um dos elementos da narrativa e explorando, em nossas produções, os recursos estudados.

O tema da vez foi o foco narrativo. Segundo Graça Paulino (em “Literatura: participação e prazer”), o narrador é um “porta-voz”, criado pelo autor para apresentar a narrativa ao leitor. Ele pode estar contando uma história da qual faz parte (1ª pessoa) ou apenas narrando os acontecimentos, sem participar deles (3ª pessoa). Para a autora, é importante observarmos sob qual ponto de vista a história é narrada, pois o narrador de 3ª pessoa tende a ser mais objetivo do que o de 1ª (do qual podemos desconfiar, já que ele pode se deixar levar pelos acontecimentos, tornando-se parcial).

Para poder entender tais questões, realizamos uma atividade composta pelas seguintes etapas:

1 – Leitura coletiva do conto “Venha ver o pôr do sol”, de Lygia Fagundes Telles.
2 – Discussão acerca do conto e da voz narrativa: quem é que conta a história?
3 – Produção de uma lista, contendo os personagens da obra.
4 – Discussão acerca do perfil psicológico de cada personagem.
5 – Produção textual em primeira pessoa: se você fosse um dos personagens elencados, como você contaria essa história?
         
Ao final da atividade, comparamos nossos próprios textos com o texto-base e então pudemos compreender as diferenças entre os focos narrativos de primeira e terceira pessoa; contando com esclarecimentos realizados pela arte-educadora Aline Caixeta Rodrigues.

Seguem abaixo algumas de nossas produções, narradas em primeira pessoa, sob três pontos de vista diferentes. Dê uma olhadinha e depois procure ler o texto original, para compará-los!


Venha ver o pôr do sol


Por ela não querer ficar comigo, inventei uma 
grande mentira e não me arrependo.
Thiago Marcos

Eu me chamo Raquel. Um dia desses, meu ex-namorado me ligou, pedindo para eu sair com ele. Ele insistiu tanto que eu aceitei, mas quando eu fui lá, era um cemitério, com uma montanha gigante para subir.
Em volta, tinham crianças brincando e casas pobres. Eu fiquei de saco cheio.
Quando eu cheguei, falei “oi” e ele me respondeu o mesmo, então eu disse:
- Para que você me chamou num lugar desses, esquisito pra caramba?
E ele me respondeu:
- Não Raquel, eu vou te levar para um lugar para ver o pôr do sol mais lindo do mundo.
Então ele inventou uma mentira, me levou para dentro de uma capela, no cemitério e me trancou nas catacumbas.
Me enganou certinho!
Eu gritei, mas ninguém escutou a minha voz.

Cristyan Gabriel Soares Lima



Acordei com um mal-estar, pensando nela: minha ex-namorada. Eu não entendia porque ela me largou, até que me falaram que ela estava com outro. No exato momento, me veio uma raiva e eu falei: “vai ter vingança”.
Convidei ela para vir ver o pôr do sol. Falei que ia ser nosso último passeio. Ela foi e eu levei ela para um cemitério abandonado, no alto de um morro, perto de onde umas crianças estavam brincando.
- Que isso? – disse Raquel – Isso é um cemitério?
- Sim. É que minha prima está enterrada aqui e eu queria te mostrar. Por isso viemos aqui.
Entrando no cemitério, eu levei ela até a catacumba de uma capela e tranquei ela lá dentro. Então fechei a capelinha e fui embora, deixando ela trancada.

Douglas Daniel da Silva Ramos



Eu estava brincando com meus amigos, quando chegou uma moça bonita e elegante, num táxi, com um sapato muito belo. Eu e um dos meus colegas fomos ver o que uma pessoa tão elegante estava fazendo num cemitério abandonado.
Chegando lá, vi a mulher conversando com um homem. Eles entraram numa catacumba e eu ouvi o moço falar que sua prima tinha falecido. Fiquei com muita pena.
Eles ficaram lá e o moço trancou a moça lá dentro. Achei que era uma brincadeira, então saí correndo e fui brincar com as outras crianças, enquanto o sol se punha.
Logo depois, vi o homem sair, mas não vi a mulher. Achei que ela já tinha saído, então nem liguei.
O homem acendeu um cigarro e foi embora, com cara de satisfeito. 

Igor dos Santos




Bibliografia 
Paulino, Graça. Literatura: participação e prazer. Ed. rev. e ampl. São Paulo: FTD, 1988.
Telles, Lygia Fagundes. Venha ver o pôr o sol e outros contos. 20ª ed. São Paulo: Ática, 2007.

Campanha Mês do Livro

quarta-feira, 15 de abril de 2015


Temos uma lista sugestões para te inspirar!





Mentiras e contos de fadas

A primeira semana do mês de abril começou com dois acontecimentos super legais nas oficinas de literatura: no dia 2 (dia mundial do livro infantil), comemoramos o aniversário de Hans Christian Andersen, o pai dos contos de fadas modernos; e no dia 1º... Todo mundo já sabe, não?

O 1º de abril é sempre aquele dia de pregar uma peça nos amigos! Assim, celebramos a mentira e os contos de fadas, com a leitura do conto: “A roupa nova do rei”, que segundo Kátia Canton (p. 9), é um texto no qual “o valor da autenticidade é transmitido com humor”. O conto nos traz a história de um imperador muito vaidoso, que – cego pelo orgulho – é pego numa bela mentira por dois vigaristas, pra lá de espertos.

Inspirados pela história, realizamos uma brincadeira na qual cada um escreveu uma autobiografia repleta de mentiras, para que os colegas tentassem adivinhar quem era o autor do texto. Confira a seguir a produção de Guilherme Henrique (9 anos):

“Meu nome é Roberto Bolanos e eu nasci nos EUA. Hoje moro no México, tenho 200 anos e vivo sozinho com minha televisão. Não gosto de ninguém, sou muito chato e queria ser comediante. Estudo na escola João e o Pé de Feijão e a pior lembrança da minha vida foi quando eu contei uma piada para uma pessoa e ela morreu de tanto rir”.

Ah! E fica aí a nossa dica de leitura: “Era uma vez Andersen: recontado por Katia Canton”, da editora DCL (compilação de seis contos do autor: A rainha da neve; O patinho feio; Polegarzinha; O valente soldadinho de chumbo; A pequena vendedora de fósforos; e A roupa nova do rei).


Hans Christian Andersen

Começando com bons propósitos!

“Todo começo de ano é ocasião de se fazer bons propósitos. São desafios que nos colocamos a nós mesmos para que a vida não seja sempre repetitiva, mas criativa e, quem sabe, surpreendente.”

É assim que Leonardo Boff começa seus “Bons propósitos para o ano novo”, e foi com a leitura deste texto que começamos as oficinas de literatura. Depois de uma breve reflexão sobre a leitura, estabelecemos nossos bons propósitos individuais, a serem realizados na escola, em casa, nas oficinas, com os amigos, com os familiares e com nós mesmos; e os colocamos em folhas que pregamos numa árvore de papel.

Nossa árvore de bons propósitos foi socializada para que pudéssemos perceber o quanto o coletivo é maior do que a soma das partes e para que reforçássemos o nosso compromisso de perseguir nossas metas. Seguem abaixo as fotos de nossa árvore.



Você conhece Leonardo Boff ? Clique aqui e saiba mais!